Fonte/Source: http://ht.ly/ctTrB
Curiosidades e Dicas do Inglês Falado: Received Pronunciation (RP)
As grandes diferenças nos sotaques regionais na Inglaterra criavam
uma situação com toques de anarquia, numa sociedade agora sujeita a um
potente fator – a ambição social e econômica. E isso deu início ao
crescimento de um idioma com som padronizado. Foi nesse contexto que
surgiu a Received Pronunciation (pronúncia recebida), conhecida como RP, aquela pronúncia do inglês padrão teoricamente transmitida através do inglês literário, e que é associada às pessoas cultas.
Received Pronunciation
.
Os muitos nomes da Received Pronunciation
A RP é conhecida por vários nomes: the King’s English, the Queen’s English, BBC English, Oxford English e Public School English, ou simplesmente Standard English. A classe média, sempre meio nervosa e ansiosa, se refere a ela como BBC accent (o sotaque da BBC) ou public school accent (sotaque da escola pública, que na Inglaterra é, na realidade, particular e elitista). Já a classe trabalhadora refere-se a ela como talking proper (o falar direito) ou talking posh (mais ou menos “falar de rico; falar da classe A”), ou talking la-di-dah, entre outros apelidos. Os linguistas já identificaram três variedades de RP: a conservative, falada pelos mais velhos; a general RP, a mais comum; e a advanced RP ou posh, usada pelos aristocratas mais jovens que fazem questão de se diferenciar.Received Pronunciation: amor e ódio
Na América, a RP simplesmente não é observada. Muitos americanos podem até achar bonita e reconhecê-la como a pronúncia de um britânico culto. Muitos associam esse modo de falar com a profissão teatral e, quando usada por homens, a acham afeminada. Muitos ingleses rejeitam a RP porque, na sua opinião, ela é uma marca de privilégio; já os escoceses, irlandeses e galeses a detestam porque ela representa o domínio social e econômico inglês, particularmente dos ingleses da região do sul..
Origem e consolidação da Received Pronunciation
O aparecimento da Received Pronunciation, como símbolo/emblema de quem pertence às classes superiores, coincidiu com o crescimento do Serviço Público imperial e da infra-estrutura educacional britânica estabelecida pelo Education Act of 1870 (Lei da Educação de 1870). Essa lei criava condições para que os filhos dos abastados e nobres estudassem em ambientes privilegiados onde um linguajar elitista pudesse evoluir. Em The Story of English, os autores descrevem algumas das consequências da nova lei. Antes de 1870, a maior parte dos mais eminentes súditos da rainha conservavam seus sotaques regionais a vida inteira. Muitos passaram ilesos pelos “templos sagrados” de Eton, Rugby, Cambridge e Oxford sem alterar o seu falar provinciano. Palavras pronunciadas como baiz, doyed e oidle em vez de boys (rapazes), died (morreu), e idle (ocioso), eram usadas sem qualquer consequência ou constrangimento.
Vinte
anos após aquela lei, tudo havia mudado. Uma nova geração de reitores e
professores se encarregou de repreender o moço que caisse no gravíssimo
erro de dizer loike em vez de like ou os já mencionados baiz, doyed e oidle.
A pressão vinda dos colegas era geralmente um incentivo suficiente para
levar qualquer novato a adquirir, correndo, a entonação e pronúncia
adequadas.
Lá pelos últimos momentos do século XIX, havia um leve
aroma de paranoia no ar. Alguns dos pais mais zelosos pelo futuro
“correto” dos filhos começaram a ter receios quanto às escolas locais
onde seus rebentos poderiam ter a desventura de “pegar um sotaque”. O
cidadão que se desviasse do padrão exigido corria o sério risco de ser
estigmatizado como “inculto”. Tanto que, em Oxford, a aceitação social
de um universitário era condicionada ao tipo de inglês por ele falado,
ou seja, “o inglês da Rainha, ou do Rei, com acento e entonação
específicos”, quer dizer, a Received Pronunciation.
Nota do Autor: Outros aspectos de “Os Sons do Inglês” serão abordados em artigos futuros.
O texto acima faz parte do livro Once Upon a Time um Inglês… A história, os truques e os tiques do idioma mais falado do planeta escrito por John D. Godinho. Adquira essa obra nos seguintes endereços: www.agbook.com.br www.clubedeautores.com.br |
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